Poetas dos anos 90: “A possibilidade mas não a totalidade” / “The possibility but not the totality”: Maurício Arruda Mendonça

Maurício Arruda Mendonça

(born 1964, Londrina, Paraná, Brazil)

The Best View
.
The best view
is from a window
where you may have
the possibility
but not the totality.
.
Its essence
is a contingency
a minimum concealed
in unity and therefore
direct knowledge
is almost perspective.
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The introspection
of the landscape:
an ideal shared
by strategic winds
cracked tiles
crumbling walls
the game of hide and seek
between nevers and always.
.
Knowing how to be eternal
intentionally omits
the time to say goodbye
five minutes before
and five minutes after.
What remains
is a happiness in Aries
a porcelain sky.
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Here is the matrix
of all lamp factories
where the experts weave
every possible climate:
cosmetic tears
heroines sinking
in quicksand.
.
The best view
is this one
but when night falls
suddenly –
I prefer it yet
with no reference point
with no hesitation.
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A Melhor Vista
.
A melhor vista
é a da janela
onde você pode
ter a possibilidade
mas não a totalidade.
.
Sua essência
é uma contingência
um mínimo oculto
na unidade e portanto
um conhecimento direto
e quase perspectivo.
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A introspecção
da paisagem:
um ideal partilhado
por ventos estratégicos
telhas trincadas
paredes por caiar
esconde-esconde
entre nuncas e sempres.
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Sabendo ser eterna
omite propositadamente
a hora de dizer adeus
cinco minutos antes
e cinco depois.
O que remanesce
é uma alegria em Áries
um céu de porcelana.
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Aqui é matriz
de todas as fábricas
de abajur
onde os técnicos tramam
todos os climas possíveis:
lágrimas de laquê
heroinas em areia movediça.
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A melhor vista
é esta
mas quando a noite
cai de súbito –
assim eu a prefiro
sem pontos de referência
sem hesitação.
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blossoming sun-bird, humming-flower in dew
meticulously sips the blood from lips
morning and gathering the green eyes
sometimes vegetable gases
innumerable vagabonds branches emerge
in the clouds and hair and their dawn
become entangled among the thorns
while faded flowers rave at her feet
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a florir beija-sol gira-flor no orvalho
sorve o sangue dos lábios minuciosamente
manhã e colhendo os verdes olhos
por vezes gazes vegetais
nas nuvens surgem inúmeros vagabundos
galhos e os cabelos e suas albas
embaraçam-se entre espinhos
enquanto flores murchas deliram em seus pés
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Drunk she licked the night dew
the lip of the moon
over the petals of September.
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But I, drinking the rainwater,
knew how to be honey its absinthe
all the symbols of a yes.
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I touch the shadows
with my grapevine fingers,
touching the error of my whole life.
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Blame the cement of the spittle,
word that goes nowhere,
if one escaped from me, it was empty.
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Ela ébria lambia o sereno
o lábio em lua
sobre as pétalas de setembro.
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Mas eu, bebendo água da chuva
sabia ser mel seu absinto
todos os símbolos de um sim.
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Toco as sombras
com meus dedos de videira
tateio o erro a vida inteira.
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Culpa ao cimento da saliva,
palavra que não vai a parte alguma,
se alguma me escapou, partiu vazia.
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Translation from Portuguese into English: the poet

Direitos autorais / © Maurício Arruda Mendonça

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